Ressentimento não se constitui tão só do azedume que se nos introduz no espírito, quando
a incompreensão nos torna intolerantes, à frente das grandes dificuldades de alguém.
Existem igualmente os pequeninos contratempos do cotidiano que, sem a precisa defesa da
vigilância, acabam por transformar-nos o coração em vaso de fel, a expelir germes de
obsessão e desequilíbrio, ambientando a enfermidade ou favorecendo a morte.
Analisemos essas diminutas irregularidades que nos será lícito classificar como sendo
cargas de sombra íntima:
- o descontentamento à mesa porque a refeição não apresente o prato ideal;
- a impaciência ante a condução retardada;
- a indisposição contra o clima;
- a contrariedade em serviço;
- o constrangimento para desculpar um amigo;
- o mal-estar perante um desafeto;
- o melindre desperto, em ouvindo opiniões que se nos mostrem desfavoráveis;
- o desagrado nas compras;
- o desgosto injustificável em família, unicamente pelo motivo deste ou daquele parente não
pensar pela nossa cabeça;
- os cuidados exagerados com obstáculos naturais na experiência comum;
- a pressa e a agitação desnecessárias;
- o descontrole ante uma visita problema;
- a exasperação diante de uma tarefa extraprograma;
- o desespero contra as provas inevitáveis que a vida nos oferece a cada um.
Tanto pesa na balança o quilo de chumbo em massa, quanto o quilo de palha nela
depositado, de haste em haste.
Meditemos, em torno disso, e reconheceremos que o perdão incondicional deve também
alcançar as mínimas circunstâncias que se nos façam adversas.
Em síntese, para que a paz more conosco, assegurando-nos proveito e alegria, nos
caminhos do tempo, é forçoso não apenas trabalhar e servir sempre, mas igualmente
compreender e abençoar.
Emmanuel – A bençoar e compreender - O Consolador – Nº 615 – 21/04/2019
Emmanuel, Livro: Mãos Unidas, (Chico Xavier)
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